Coletivo Maria Sara&Cura ministra oficina Resgate da Criança na Fazenda Boa Esperança

Atividade acontece neste sábado (12/11) dentro da programação do Novembro Negro; proposta é proporcionar caminhos de cura por meio da confecção de boneca bordada a mão com a partilha de dores, sonhos e esperanças

Na programação do Novembro Negro, mês dedicado à consciência negra, o Coletivo Maria Sara&Cura, irá ministrar neste sábado (12/11), das 9h às 11h30, na área externa da Fazenda Boa Esperança, em Belo Vale, a oficina Resgate da Criança Interior através da construção da boneca de pano. A oficina está aberta a homens e mulheres de todas as faixas etárias que queiram despertar a criança que existe em seu interior.

O coletivo Maria Sara&Cura é formado por cinco mulheres – Adriana Lara, Vanusa Freitas, Emília Mota, Sandra Souza e a criança Ananda Joélia – e surgiu em agosto de 2017 inspirado em uma boneca de pano, Frida, do Grupo Mulheres da Vida de Minas Novas, que Sandra ganhou de presente. Nascia assim Maria. “Percebemos que através daquela boneca de pano, bordada a mão, assim como nossos avós e pais faziam, podemos trabalhar as emoções”, explica.

O propósito, segundo o coletivo Maria Sara&Cura, de Belo Horizonte e Vespasiano, é proporcionar caminhos de cura por meio do bordado com partilha de dores, sonhos e esperanças, a partir de rodas de convivência. Levar para outras mulheres a experiência do sentir, de refletir sobre seu corpo físico, emocional, espiritual e social. Ou seja, fazer com que essas mulheres e homens tenham uma pausa para entrar em contato com suas emoções, medos e inseguranças, mas também com seus projetos e sonhos. Assim acontece as Oficinas Maria Sara&Cura.

Para isso, elas só precisam de pano, tesoura, agulha, linhas e enchimento para começar costurar as bonecas. “Nossa boneca é simples, de pano, mas nenhuma é igual a outra”, enfatiza Adriana. Por meio da venda das Marias, elas retiram uma parte para a solidariedade, doando um valor em dinheiro que chamam de “partilha” para alguma mulher ou coletivo feminino que esteja precisando de apoio. “Nossa boneca tem um valor simbólico, queremos contribuir para outras mulheres, outros projetos, outros sonhos”, diz.

Para a oficina na Fazenda Boa Esperança, elas querem provocar reflexão: como o comportamento das pessoas na vida adulta está ligado à infância? Como podemos fazer conexão com as crianças de hoje? Isso para que as pessoas possam trabalhar afetos, sentimentos, e despertar a criança em seu interior, algo perdido na fase adulta. “Somos apenas o fio condutor, só contribuímos para essas histórias passar de geração a geração”, ressalta Adriana.

Novembro Negro

Segundo Grasiele Ribeiro, organizadora da oficina, no dia 20 novembro de 1695, morre Francisco, o Zumbi dos Palmares, que apresenta a liberdade daqueles que eram cativos. “Após a morte seu tio Ganga Zumba, ele assumiu o quilombo, que era uma resistência e deixou marcas e ensinamentos no mundo inteiro. Nós, em Belo Vale, também temos dois quilombos de resistência: Chacrinha dos Pretos e Boa Morte”, destaca.

Para Grasiele, é muito importante comemorar o Novembro Negro, porque povo negro infelizmente ainda é muito julgado, e atos racistas acontecem todos os dias. “O Novembro Negro vem para nos mostrar a necessidade da reflexão. E a Fazenda Boa Esperança é palco dessas reflexões diárias: queremos trazer a diversidade de cores, de sabedorias, de culturas. O mês de novembro tem um significado diferente, porque é quando a gente pratica o ato da empatia”, conclui.

A Fazenda Boa Esperança está aberta à visitação, por meio do Projeto de Cooperação “Fazenda Boa Esperança: Redescobrindo os Sentidos”. O projeto é uma realização do Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico de Minas Gerais (Iepha-MG). A correalização é da APPA – Arte e Cultura. Viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. O patrocínio é da Copasa e do Instituto Cultural Vale. O apoio é da Prefeitura Municipal de Belo Vale.

Foto: Coletivo Maria Sara&Cura / Divulgação

SAIR