Tradição do interior de Minas retrata o nascimento de Jesus através de dramatização e canções natalinas
Belo Vale é onde mora Flávia Francisca de Paula Santos. Essa é uma época especial para ela por conta dos ensaios com as Pastorinhas. Há muitos anos que ela se dedica à tradição, repassada pela mãe e pela avó. No interior de Minas Gerais, principalmente, essa tem sido uma tradição de Natal que tem sido preservada e transmitida de mãe para filha há décadas.
O encontro para o ensaio será no sábado, 9, na Fazenda Boa Esperança. Ela não só não sabe dizer ainda se as vestimentas estarão prontas para a ocasião. Mas Flávia está animada porque após anos interrompida, a Associação do Patrimônio Histórico Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAA-BV) resgatou a tradição e a devolveu à comunidade.
“Apesar de ter um longa trajetória em Belo Vale, esse grupo foi resgatado o ano passado, dentro de um projeto social Pilares da Cidadania – Formações Pro Futuro, da APHAA-BV. As Pastorinhas são um grupo muito querido e tem uma relação afetiva com a cidade”, afirma Romeu Matias, produtor executivo da Fazenda e presidente da associação.
As Pastorinhas é um bailado de origem português e foram introduzidas no Brasil pelos jesuítas no século XVI. Com vestimentas coloridas, cantos e danças dramatizadas por meninas, o ritual faz parte das tradições culturais populares do Natal. No caso das Pastorinhas de Belo Vale, são 15 crianças e adolescentes com idade entre 6 e 15 anos.
Elas representam os personagens dos presépios (anjo, pastores, Reis Magos, José e Maria etc). “É quase um Auto de Natal, uma Folia de Reis de crianças que retrata o nascimento de Jesus”, explica Flávia Santos, que nas horas vagas também se aventura como professora de teatro. Na tradição, as Pastorinhas visitam lugares onde foram montados presépios e cantam louvores ao Menino Jesus. Por isso, tem as festas natalinas por grande referência.
No teatro musicado, cantam-se canções populares como “Noite Feliz”, “Vinde Cristãos”, “Quando Dezembro Chegar” e muitas outras. “É um teatro musicado com apresentação das pastoras, que saem em busca da manjedoura, em Belém”, explica Flávia. “Retomamos as apresentações desde o ano passado”, acrescenta. Neste ano, a apresentação será na Capela de Nossa Senhora do Rosário e na praça em frente no dia 15 de dezembro.
A Fazenda Boa Esperança está aberta à visitação, por meio do Acordo de Cooperação com o IEPHA-MG, denominado “Fazenda Boa Esperança: Redescobrindo os Sentidos”. O projeto é uma realização do Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico de Minas Gerais (Iepha-MG). A correalização é da APPA – Arte e Cultura. Viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. O patrocínio é da Copasa e do Instituto Cultural Vale. O apoio é da Prefeitura Municipal de Belo Vale.
Foto: Romeu Matias
Serviço
Ensaio das Pastorinhas: dia 9 (sábado), às 9h30, na área externa da Fazenda Boa Esperança, Belo Vale.