Fazenda Boa Esperança

Fazenda Boa Esperança recebe nova oficina de tambores no dia 17/9

Cantantes da Boa Morte se apropriam mais uma vez do espaço para mostrar sua arte e perpetuar tradição secular

Tradições, ancestralidade e história se unem em Boa Morte, distrito de Belo Vale, que se originou de uma comunidade quilombola. Além da capela dedicada à Nossa Senhora da Boa Morte, outros tesouros da comunidade são a perpetuação de suas manifestações culturais.

No dia 17 de setembro, uma nova oficina de tambores terá como cenário o pátio frontal da histórica Fazenda Boa Esperança, edificação construída no século XVIII. O sucesso da primeira oficina, no dia 27 de agosto, motivou a realização dessa segunda ação no espaço.

Desde 2008, através de projeto idealizado pela Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAA-BV), o grupo Cantantes da Boa Morte, sob a regência de Raimunda Maria Eustáquio, realiza atividades de dança, percussão, violão e coral.

Ambiente inspirador

“A Fazenda Boa Esperança é um espaço cultural que propicia várias formas de interação e apropriação. A oficina de tambores realizada na Fazenda, além de incentivar outras práticas no local, estimula a conexão dos participantes com o ambiente altamente inspirador” comenta o Gerente de Promoção do espaço, Charles Faria.

Para Romeu Matias, o grupo é uma expressão genuína dessa comunidade histórica, inclusive reconhecida e mapeada no âmbito da Secretaria Especial de Cultura. Ele é também, destaca o Coordenador do Programa Educativo da Fazenda, uma referência para a comunidade e está inserido no contexto geográfico da Fazenda Boa Esperança.

Renovação

Romeu Matias, que acompanha o Cantantes da Boa Morte há dez anos, ainda salienta que o grupo foi pensado, a princípio, com uma formação só com mulheres. Essa era uma forma de preservar as cantigas de rodas, antiga tradição das lavadeiras. A partir de 2017, ele começou a ter a adesão de homens jovens.

“Hoje, o Cantantes da Boa Morte é um grupo muito relevante na comunidade e com ações voltadas além do canto e da dança”, disse. Uma das propostas do Cantantes é sempre capacitar e aperfeiçoar os integrantes do grupo. Para ampliar e aprimorar o repertório e as técnicas, surgiu a nova oficina, integrando o tambor ao grupo.

Outra abordagem do grupo, enfatiza Matias, é trabalhar com crianças e adolescentes para que eles possam participar e dar continuidade a essa formação. “Esse é o grande desafio da comunidade”, enfatiza.

Arturos

A partir de agora, a novidade é que o projeto passou a contar com o apoio de Jorge Antônio dos Santos, participante e um dos líderes da comunidade dos Arturos de Contagem, que, segundo Romeu Matias, vem para somar, trazendo a tradição dos Arturos, dos toques, ampliando o repertório do Cantantes e gerando um intercâmbio nas comunidades.

A comunidade dos Arturos já foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial. Eles são responsáveis pela manutenção de diversos bens culturais, ritos e tradições herdadas pelos primeiros membros de sua formação.

Apropriação

“Acompanhei a oficina e percebo a alegria de seus integrantes de estarem lá, na Fazenda Boa Esperança, de se apropriarem e se identificarem com esse lugar histórico. A Fazenda como apropriação das comunidades quilombolas, dentro de outras possibilidades, de ressignificação do espaço, da educação para o patrimônio cultural”, destaca.

Segundo algumas narrativas, acrescenta Matias, a comunidade se formou a partir da Fazenda Boa Esperança, que hoje é um espaço acolhedor para essa e muitas outras atividades.

Desde 2018, a APPA – Arte e Cultura, em parceria com o Iepha-MG (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico), é responsável por ações de requalificação, promoção e educação para o patrimônio cultural em Minas Gerais. A Associação está à frente do Programa Receptivo e Educativo da Fazenda Boa Esperança.

Foto: Romeu Matias/Divulgação

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