Evento acontece na Casa de Engenho, é uma preparação para os 85 anos de emancipação de Belo Vale e terá repertório de dobrados, canções populares e músicas natalinas
Um ensaio aberto da Banda Santa Cecília de São Gonçalo da Ponte neste domingo (3/12) na Fazenda Boa Esperança é uma preparação para os 85 anos de emancipação de Belo Vale. A apresentação acontecerá no dia 16/12, às 19h, na Praça do Museu do Escravo, antecedida de uma missão de ação de graças no Salão Paroquial. Aberto ao público, o ensaio acontecerá a partir das 9h, na Casa do Engenho, na Fazenda Boa Esperança. “Deixo claro que será um ensaio, não uma apresentação”, reforça o maestro Reginaldo da Silva Braga, o “Chuca”.
Há 30 anos na banda, dos quais 18 como maestro e 12 como músico, Chuca está feliz de estar de volta à Fazenda Boa Esperança no próximo domingo. Em 2023, a centenária banda de música participou de 24 apresentações em todo o Estado. Hoje, a agremiação musical tem 28 componentes, com idades entre 13 e 80 anos. Parceria com instituições públicas e privadas para criação de oficinas, workshops e cursos garantem a formação de músicos jovens e capacitação de adultos. O repertório da Banda Santa Cecília é geralmente composto de dobrados (ou marchas militares), música clássica e canções populares. “Banda de música hoje tem um público seleto, é para os amantes de bandas”, lamenta Chuca, que construiu um repertório eclético para o ensaio na Fazenda Boa Esperança.
Dividido em três blocos, o repertório terá dobrados militares (Helmut Cutin, 25 de Março, Agressor, São João do Oratório e Pequenos Camaradas), sucessos que transitam entre o rock’n roll e a MPB (“Fico Assim Sem Você”, de Claudinho & Buchecha,”Primeiros Erros”, Capital Inicial”, “É Preciso Saber Viver”, dos Titãs, e “Maluco Beleza”, de Raul Seixas” e músicas das bandas Creedence e Asia Rock) e canções natalinas tradicionais (“Jingle Bells”, “O Bom Velhinho”, “Adeste Fidelis”, “Anoiteceu” e “Natal das Crianças”).
A Fazenda Boa Esperança está aberta à visitação, por meio do Acordo de Cooperação com o IEPHA-MG, denominado “Fazenda Boa Esperança: Redescobrindo os Sentidos”. O projeto é uma realização do Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico de Minas Gerais (Iepha-MG). A correalização é da APPA – Arte e Cultura. Viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. O patrocínio é da Copasa e do Instituto Cultural Vale. O apoio é da Prefeitura Municipal de Belo Vale.
A história da banda
Com uma história centenária, a Banda Santa Cecília de São Gonçalo da Ponte de Belo Vale foi organizada e regida por José Afra de Mattos, o “Juca de Mattos”, então batizada de Lyra Bello Vallense Santa Cecília em janeiro de 1920, tocando em festas religiosas, fazendas e ruas da cidade. Na mesma década, o mestre e pianista José Silvério Dornas (Duca Dornas) criou a Banda de Música da Fazenda Boa Esperança.
Grandes maestros e músicos trabalharam pela preservação das corporações musicais belovalenses. O professor Eugênio Batista Sampaio regeu a Banda da Fazenda Boa Vista em 1925, o local onde nasceu José Teixeira de Souza, que lá aprendeu a tocar sax para organizar a Banda Santa Cecília. Em 1932, José Afra de Matos tornou-se o primeiro-mestre da Corporação Santa Cecília. Em 1948, a corporação foi reorganizada pelo mestre Luiz de Moura Lima, que deu aulas no porão da casa de Antônio de Castro Malta (Cinico Malta).
Oficialmente, a Banda Santa Cecília foi fundada em 14 de junho de 1951 e registrada em cartório com o nome de Banda de Música Santa Cecília de São Gonçalo da Ponte de Belo Vale. Em 1956, Dornas voltou à frente da corporação, dando aulas no Grupo Escolar Dr. Gama Cerqueira. Ele foi responsável pela apresentação da banda no pátio da Estação Central, quando recebeu as Irmãs Vicentinas para dirigir o Ginásio Padre Virgílio, em 1958. Até então, os músicos só tocavam parados. Na ocasião, as procissões da Semana Santa tinham que parar para entrar no ritmo da banda.
Os ensaios da Banda Cecília eram realizados em uma casinha branca, com fachada de três portas, localizada entre a linha férrea e o rio Paraopeba, onde também funcionava o Cine São Gonçalo. A corporação esteve sob a regência de Paulo Eugênio da Silva entre 1960 e 1967 e de José Vicente em 1972. Os ensaios paralisaram por longos períodos nos anos 1970 e 1980. Em 1989, a banda voltou sob a direção de Maria de Paula Fernandes Malta e regência de José Dario de Moura, com novos instrumentos doados pela família Maciel.
Nos anos 1990, a Banda Santa Cecília teve dificuldades de se manter, mas se refez nos anos 2000 sob a coordenação de Alexandre Rezende. Em 2013, Roberto Teixeira assumiu a presidência por cinco anos consecutivos. Posteriormente, ela ficou sob a coordenação de Lígia Felícia Vieira Castro Fernandes e Romeu Matias. Atualmente, a banda tem como presidente Élice Morais Maia.
É importante ressaltar que a Banda Santa Cecília de São Gonçalo da Ponte de Belo Vale participa de todos os eventos sociais, políticos e religiosos da cidade desde a fundação. No ano de seu centenário, a agremiação foi registrada pela Prefeitura de Belo Vale, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e do Conselho do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Natural, como “Forma de Expressão Patrimônio Imaterial de Belo Vale”.
Foto: Lucas Dornas/Divulgação